Battle Royale

Este fim-de-semana dediquei-me a ler uma série de Manga daquelas que nos deixam a pensar. A premissa:

Japão é agora uma ditadura que persegue todos os revolucionários. Para provarem o seu poder e mostrarem que podem fazer o que querem com as pessoas, criam um programa de televisão chamado Battle Royale. O programa consiste no seguinte:

1 - Uma turma de 42 alunos de 15 anos. 21 rapazes e 21 raparigas são postos numa ilha, com um colar com explosivos à volta do pescoço.
2 - É dado a cada um viveres e uma arma (as armas variam entre facas, bestas, uzis, granadas, cianeto, bastões de baseball, etc...)
3 - Alunos soltos na ilha, só 1 sobrevivente é que pode sair da ilha.
4 - Se ninguem morrer num período de 24 horas, todos os colares explodem. Se alguem tentar sair da ilha, o colar explode.
5 - De 2 em 2 horas, uma zona da ilha é invalidada, ou seja, se alguém entrar nessas zonas, o colar explode (mais uma táctica para forçar os alunos a não se esconderem num sitio e forçar os combates).

Bem, para quem a esta altura pense que é mais uma série marada de manga japonesa, em que os heróis são muito bonzinhos e todos sobrevivem de alguma maneira rocambulesca, BZZZZT you're not a winner.
A história roda em volta dos dramas pessoais dos miudos de 15 anos, que são agora forçados a matar os colegas com quem têm convivido diariamente nos ultimos anos. Obviamente há paixões, ódios, traições, actos heróicos, mentiras, etc... Os geeks entram em parafuso primeiro porque preveem que sendo vitimas de bullying diariamente, serão os primeiros a tornarem-se alvos. Os ajuntamentos de raparigas acabam mal com traições. Os rapazes bonzinhos acabam mortos pelos falsos. Os que se recusam a jogar o jogo morrem pura e simplesmente porque a caad morte, os que estão de facto a jogar tornam-se mais impiedosos e mais desligados do que estão realmente a fazer!

A história leva-nos a pensar... what if? Comecei a pensar na minha turma de 9º ano. Não eramos muito diferentes das personagens da história. Para cada um deles foi-me fácil identificar uma pessoa semelhante na minha turma. Será que não faríamos o mesmo se colocados naquela situação onde não há mesmo outra escapatória a não ser matar ou morrer?

Chegaram a fazer 2 filmes, mas suponho que se tenham focado mais no gore e na violencia da situação do que na trama psicológica. Acho que o motivo pelo qual esta história que se tornou tão popular no Japão e nunca chegou aos Estados Unidos e Europa é óbvio: histórias de adolescentes com armas são tabu por estes lados (e com alguma razão).

É uma história bem pesada (às vezes um pouco chata nos detalhes da vida de cada um, parecem os flashbacks de um Lost) que recomendo a quem tenha tempo e gosto em ler histórias fora do comum. Sim porque não há nada melhor do que ler histórias verdadeiramente originais e diferentes!