quinta-feira, 5 de junho de 2008
Franz Kafka - Metamorfose
Uma viagem à Feira do Livro no Parque Eduado VII deu para comprar 3 livros (e mais tarde visitar o Casal Ventoso), sendo um deles a Metamorfose de Kafka. Estava à espera de algo mais denso (leia-se mais erudito)... e ao fim ao cabo é apenas uma história extremamente in your face sobre a maneira como:
- uma família que depende de um dos membros para sobreviver passa a sofrer, por causa desse mesmo membro, de dificuldades
- um homem lida com a mudança radical da sua vida, abdicando dos seus direitos para dar conforto à familia, sem no entanto abdicar o suficiente de modo a não levá-los à ruína
Eu dei por mim a tentar reprovar a família ao longo do livro... e não deixei nunca de ter aquela sensação de "se fosse eu... tentaria fazer as coisas de maneira diferente... mas vendo bem... ia acabar por ser como eles". Dei por mim a pensar "eu nunca seria um fardo para a minha familia daquela maneira, preferia a minha infelicidade a provocar tal desgosto na familia... mas bolas se tivesse feito tudo aquilo pela minha familia antes também ia querer outro tipo de tratamento!".
Kafka demonstrou como uma situação má acaba por trazer ao de cima o pior que temos. Hoje vou dormir triste porque me mostraram um lado que todos temos e que preferimos ignorar. Todos os animais têm este tipo de comportamentos, que nós classificamos de aceitáveis ou por não serem animais racionais, ou por não terem laços afectivos tão fortes... nós também temos esses comportamentos, e o facto de sermos racionais só faz com que seja ainda mais vergonhoso te-los.
That's how good this book is! Um livro tão simples, e no entanto dá tanto que pensar...
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2 comentários:
Tenho este livro há tanto tempo e ficou sempre na minha pilha de: "para ler um dia destes"...
Este foi o incentivo que precisava...
livro é bom cara, Kafka é muito sensível aos detalhesdo ambiente e faz com que mesmo obscuro a imagem do Gregor se forme em minha mente. A imagem que vc colocou é boa...
sobre procurar algo mais denso também lhe entendo, no final é uma simples ficção hiper fantasiosa com uma metafora que se obscurece pela ideia chocante de um bezouro gigante.
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